domingo, 27 de novembro de 2011

As oficinas - A importância do ensino de cultura negra nas escolas

A preparação para a inserção com nossas oficinas nas escolas foi baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão. Além de aulas sobre educação e etnia, me preparei para a atividade de extensão através da pesquisa sobre a verdadeira realidade nacional quanto a inserção do negro no mercado de trabalho no pós-abolição.

Uma vez já informada pela pesquisa, o maior desafio na escola foi o exercício de desconstrução de conceitos já tão arraigados no pensamento dos jovens e adultos. Para tal me utilizei de atividades capazes de chamar atenção para as contradições existentes nesses conceitos com os quais eles estão habituados.

Começando a internalizar a desconstrução desses conceitos os alunos compartilharam suas experiências, já em uma perspectiva de análise quanto aos fatos ocorridos. Essa troca de experiências foi seminal para minha construção .

Inevitavelmente as discussões durante a oficina levaram a um tema latente na escola e na sociedade como um todo: O Racismo. Importantíssimo foi observar e adquirir essas reais experiências sobre como o racismo se insere na realidade e no dia-a-dia dos alunos.

Um cuidado tomado na realização das oficinas foi no sentido de não dicotomizar as relações na sociedade entre negros e imigrantes.
Notei a partir dessa experiência a importância do ensino da cultura negra nas escolas, a medida em que os alunos sentiram-se representados no conteúdo da oficina e perceberam que a sua realidade pode ser objeto de análise, pontencializou-se o interesse acerca dos diversos questionamentos inerentes as relações raciais tratadas nas oficinas. E suscitar o interesse dos alunos é o maior investimento que se pode fazer para que no futuro existam mais pessoas questionando e buscando soluções para a realidade que as cerca.

Mês da consciência negra - O negro no Brasil contemporâneo


Para celebrarmos o mês da consciência negra, os grupos PET/Conexões de saberes - diversidade e PET/ Conexões de saberes - identidade realizarão um evento em que poderemos discutir o posicionamento do negro em nosso país atualmente.

Realizaremos um circuito de atividades:

- Pela manhã teremos uma mesa com a presença de diversos convidados discutindo a atual situação do negro na sociedade.

Na parte da tarde teremos diversas atividades culturais:
- Oficina de grafite
- Danças africanas e afro-brasileiras
- Apresentações de Rap


Esse evento se realizará no dia 29/11
Na UFRJ - Campus da Praia Vermelha
Auditório Manuel Maurício de Albuquerque.



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reflexões sobre o filme "Panteras Negras"

O filme relata a história do movimento dos Panteras Negras, um grupo que decidiu lutar contra o racismo e a violência que ocorria com o negro no Estados Unidos. Os Panteras foram um grupo que lutava pela igualdade se apoiando na Lei, fazendo desta sua arma e mostrando que aqueles que as criaram não as seguiam.
Outro fato que ocorre no filme que deve ser destacado é que a partir do momento que o movimento passa a conhecer e a se utilizar da Lei os que estão no poder a modificam para tirar das pessoas o direito de se defender.
O que é muito importante para mim neste filme e que deve servir para todos nós é a importância de conhecermos as Leis, pois a sua finalidade deveria ser trabalhar por nós. Também é importante destacar a necessidade de se lutar pelos nossos direitos, como ocorre no filme e como já ocorreu em outros momentos da história.

Reflexões sobre o filme Corumbiara


Corumbiara é um documentario que retrata a realidade de muitas tribos indígenas em Rondônia que além de sofrerem com o desmatamento, também sofrem com o impacto da urbanização e com a iguinorância das pessoas que não compreendem sua cultura.
Durante o filme e as discussões ocorridas na sala foi importante perceber apesar do movimento indígena ser reconhecido, hoje ainda observamos o descazo com a população indígena. A dificuldade que é retratada pelo filme das pessoas entenderem que esta população possui varios povos com características diferentes, e que um indio não será necessariamente um homem que anda nú e usa um cocar de penas na cabeça.
Outra reflexão que faço a respeito deste filme é perceber como apesar do documentario e apesar das várias denuncias existentes até hoje, poucos anos após o documentario, ainda existem denuncias de casos como os que o filme retrata.

Reflexões sobre o filme "Um grito de liberdade"

O filme retrata a história de uma amizade entre Stephen Biko,um homem negro que lutava pela igualdade dentro da África do Sul, no período do Apartheid e Donald Woodo, branco, editor de um jornal. Com o assassinato de Biko, seu amigo Wood tenta provar e contar ao mundo os ideais do amigo e como ele foi covardemente morto por lutar para que todos tivessem direitos iguais. Ao decidir lutar pelo que é certo passa a ser perseguido junto com sua família, se vêem obrigados a fugir para que também não sejam assassinados.
A questão principal que posso destacar deste filme é pensar que a luta pela igualdade é uma luta de todos. A importância de nunca desistir dos seus objectivos. Perceber que como é tratado no filme para se obter a igualdade não se deve trocar um opressor por outro para compensar o que ocorreu antes, mas pensar que para alcançar uma sociedade dita "igual" é preciso pensar que é necessário deixar de criar situações de desigualdade, onde uma hierarquisação, e levar para o campo da diferença.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Os saberes em conexão

Relatos da oficina “Quem conta um conto... Se esquece de um ponto!" – parte 2

Continuando meus relatos sobre a realização da oficina temática, nesse post gostaria de expressar sobre a oficina na escola da Penha realizada com uma turma da Educação de jovens e adultos (EJA) correspondente ao quarto/quinto ano do ensino fundamental,onde cerca de vinte alunos participaram.


Antes de começar a atividade, fiquei ansiosa pensando se eles iriam participar respondendo as perguntas, relatando situações, dando as suas opiniões, pois esse é o objetivo da oficina, estimular a participação, criar um ambiente em que a questão proposta seja debatida, dialogada e não meramente transmitida. Na minha mente minutos antes da entrada dos alunos, só passava ideias como “o que estou fazendo aqui”, “isso não vai dar certo”, “vou gaguejar”, mas assim que eles entraram na sala, é como se o nervosismo e ideias pessimistas tivessem “caído”, então veio a tranqüilidade e a empolgação de ter a oportunidade de realizar um trabalho como esse.




Parte da especificidade da modalidade EJA é a bagagem e a experiência de vida que eles possuem e essa especificidade é extremamente enriquecedora para quem atua ou realiza uma atividade com singulares alunos. Os relatos nos emocionam, nos fazem rir, chorar, gera em nós revolta, por que injustamente esses alunos foram prejudicados e por vezes talentos, potenciais foram desperdiçados por anos. Abro esse pequeno “parênteses”, falando sobre essa especificidade, porque tive não o fardo, mas o privilégio de estar a frente de uma oficina e dar suporte em mais três, e ainda fui “camerawoman” de uma delas!




Durante essas participações, incluindo a minha oficina pude constatar a ansiedade desses alunos em conhecer sobre essa diversidade,de terem a oportunidade de ver na cultura como um todo a valorização daquilo que eles sabem, do que eles conhecem. Acredito que as oficinas tenham sido uma das chances que tiveram de se verem como protagonistas, como sujeitos de sua própria história, podendo se identificar, sendo reconhecidos e respeitados pelo seu conhecimento de vida, pelo seu conhecimento de mundo. Ainda pude notar a curiosidade e as expressões de surpresa ao ser mostrado para eles algo que não conheciam e o diálogo sendo acalorado por dúvidas, relatos de vida, frases engraçadas, risos, sorrisos e olhares curiosos...



Com a relização das oficinas, vi a concretização de conexões. Interação,articulação e respeito a saberes que não são hierarquizados, mas diversificados. Cheguei naquela escola para falar sobre os contos afro-brasileiros, sobre a contribuição da matriz africana para o nosso país, saí dali recompensada por histórias de superação e por aprendizados de vida, e não se trata apenas de ser negro, mas de ser nordestino, de ser mulher, de ser idoso, de ser morador de comunidade carente, de não saber ler e escrever.




A realização das oficinas temáticas estão sendo primordiais para a minha formação enquanto profissional da educação, enquanto ser humano. Não quero estar em um embate de privilégios para negros por que sou negra e essa é a minha temática, estou no início da compreensão de um embate em busca de uma sociedade democrática para todos independente de cor, classe social ou nível de ensino.





Por mais que eu escreva, parece que sempre vai ficar faltando algo para escrever, portanto vou parando por aqui e aproveitando o espaço, quero fazer a propaganda para a terceira e última parte dos relatos da oficina, dessa vez em Comendador Soares, AGUARDE!











Luciana S. Silva







terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um Pouco Mais de Informação


O trabalho executado nesta segunda dia 17/09 na Escola Municipal
Antônio da Silva, no bairro de Comendador Soares, tinha o
objetivo de trazer de forma didática, oficinas temáticas com uma fala
sobre a obra de Abdias Nascimento. Os nossos focos principais foram
O Quilombismo(Livro) e o TEN(Grupo de teatro criado em 1944).

Vimos, na elaboração e na execução, o quanto é importante falarmos
de Racismo e outros tantos tipos de discriminação. Entrar em seu meio
com uma fala mais 'popular' foi uma das nossas estratégias. Reconhecem
a palavra 'RACISMO', citavam a mesma o tempo inteiro, fazia parte do
vocabulário de muitos em sala. Agora perceber, entender de fato como se
dá todo esse processo no meio social? Não possuiam respostas claras de
experiências únicas, eram exemplos de outros, que ouviam falar, brincadeiras
que faziam entre eles.

A busca por uma fala mais igualitária, trazida 'deles por eles', foi o que nos
marcou durante o processo de construção coletiva. Ao nos colocarmos como
atores de nossas histórias, viamos surgir neles um enorme desejo de protagonismo
social e profissional. Possuiam um entendimento do espaço escolar de forma
obrigatória, o que os faziam detestar(fala de alguns deles), faziamos
os entender que sem formação escolar as chances de ascensão profissional
diminuiriam e suas escolhas seriam limitadas.

A escola traz alguns desses discursos mas notamos o quão é necessário
um maior esclarecimento desses temas. Há uma carência de intervenções que
atentem para essas temáticas.


Hudson Batista.

domingo, 23 de outubro de 2011

Relatos da oficina: "Quem conta um conto... Se esquece de um ponto" - parte I

As oficinas temáticas, mais uma das atividades do PET/ Conexões de Saberes - Diversidade, foram realizadas nos meses de Setembro e Outubro por todos os integrantes do projeto nas respectivas escolas CIEP Gregório Bezerra localizado no bairro da Penha zona norte do Rio de Janeiro e no Colégio Antonio da Silva em Comendador Soares no Município de Nova Iguaçu.


Tivemos por objetivo levar ao conhecimento dos participantes um pouco mais das influências da matriz africana em nosso país, não apenas valorizando, mas respeitando tal contribuição e também numa iniciativa para que não se apague e muito menos se omita tamanha riqueza presente desde o início da construção de nossa sociedade até aos dias de nossa sociedade atual.


Bom, antes de expressar nesse espaço quais foram minhas impressões, expectativas, e claro, sobre os meus sentimentos (por que não?), vou tentar resumidamente explicar o porquê ter escolhido trabalhar com contos afro-brasileiros. Cada integrante do grupo PET/ Conexões de saberes- Diversidade teve a oportunidade de escolher qualquer tema desde que estivesse dentro da temática “diversidade” e não necessariamente trabalhar a questão do “negro”. Tive muita dificuldade em desenvolver o que eu queria, pensei em várias coisas, e ao mesmo tempo em nada, não foi uma atividade para pontuar como fácil ou difícil, mas simplesmente uma fase de aprendizado, foi mais um passo na nossa autonomia, pois foi nos dada à confiança de algo que não nos foi imposto, porém uma escolha dentre muitas que teríamos que fazer, teríamos que estudar o assunto e mais do que isso, realizar uma oficina sobre esse assunto.


Apesar de toda essa “complicação” inicial, de uma coisa eu já sabia: “Quero ressaltar a riqueza do negro, não sei exatamente de que forma ainda, mas é sobre esse tema que será a minha oficina”. A própria escolha de um objeto de pesquisa, foi de grande aprendizado para mim, no início admito que não estava entendendo o que era exatamente para ser feito, pois para se realizar uma atividade de “extensão” antes é necessário se realizar uma “pesquisa” e era essa indissociabilidade que eu não compreendia. “Ir para fora”, fazer extensão não significa ser algo inferior ou superior do que o ato científico da pesquisa, por mais que alguns façam essa hierarquia, posso com clara e inabalável certeza dizer que esta afirmação é equívoca, apesar de não reconhecida por muitos.


Compreender essa indissociabilidade de pesquisa e extensão, incluindo o ensino, completando assim esse “tripé”, digamos que tenha “clareado” a minha mente. Retornei a pensar novamente sobre assuntos para serem estudados, pesquisados e enfim realizados em forma de oficinas temáticas. Como “material” para nossa pesquisa, teríamos que buscar em nossa grade curricular da graduação uma disciplina na qual poderia ser trabalhada/refletida as relações raciais em suas diversas dimensões, durante o período de estruturação da oficina, estava no 3º período e tendo uma disciplina com o nome de “Educação e comunicação I”, onde entre outras coisas, a importância em se formar leitores e, portanto, estudando os diferentes gêneros textuais presentes na literatura, tais como lendas, fábulas e sim, os contos.



Fiz algumas “transações” com a professora da disciplina que me deu algumas dicas e me sugeriu ler Luís da Câmara Cascudo, um dos maiores estudiosos sobre a cultura brasileira e fui me encontrando nos contos, mas não nos contos em si, pensei no folclore, na cultura popular brasileira, só que é um assunto tenso e complexo. Acredito que meu grande equivoco ao falar sobre o tema foi não tê-lo estudado, o que eu fiz foi apenas “armazenar” conteúdos. Me apropriando das falas de Paulo Freire presentes no livro “Professora sim, tia não” (olho d’água , 1997) em que diz :



“Estudar é uma preparação para conhecer, é um exercício paciente e impaciente de quem, não pretendendo tudo de uma vez, luta para fazer a vez de conhecer”.



Reconheço que uma das minhas dificuldades foi a falta do “exercício paciente e impaciente”. O exercício da impaciência em busca de conhecer e compreender, e o exercício da paciência do não ter compreendido e assim ter que retornar, ler e pesquisar novamente para então ter propriedade do que se fala. Estudar nas palavras de Paulo Freire (1997), é uma ação que necessita ser trabalhada e forjada, sendo necessário ser persistente, e como dever de todo aquele que se engaja nessa tarefa é preciso estar instrumentado, estando disposto a aprender com o diferente e com o antagônico também.


Quando apresentei para o grupo a minha proposta, ainda não tinha compreendido essa visão do que é estudar, do que é conhecer, resultado, não foi uma boa apresentação além de se trabalhar folclore ter sido um tema não propenso. Resolvi iniciar tudo novamente, e com o exercício paciente e impaciente pude dar o "pontapé" inicial para conhecer sobre o que estou falando. Com a ajuda de colegas e dos instrumentos necessários (materiais, suportes de estudo) e com a devida orientação acadêmica, pude incrementar e definir a minha proposta."Ufa"! Ainda estou em processo, ainda há muito o que aprender!


Logo no início, disse que tentaria descrever resumidamente sobre como foi a escolha do tema e a estruturação para a oficina. Isso não foi o resumido que eu pensava... mas, resolvi dividir essa experiência em três partes, essa foi a parte I, na próxima eu descrevo como foi a realização da oficina na escola da Penha e por último em Comendador Soares.




Até breve!




Luciana S. Silva








segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A aula que me deram na Penha


A oficina realizada no Ciep Gregório Bezerra foi uma experiência gratificante, pois possibilitou que houvesse um aprendizado mutuo. O inicio de nossa troca de saberes se deu com o estranhamento entre duas formas de escrever poema, a rebuscada (português “bonito”) e a coloquial ( português popular). Nos questionamos de qual maneira seria a “correta” de escrever uma poesia de amor para que a temática do embranquecimento cultural fosse introduzida.
Não foi uma conversa fácil, pois temos engessado em nosso pensamento um aprendizado que privilegia uma cultura (a do colonizador) em detrimento das demais matrizes culturais de nossa nação brasileira. O foco da oficina não é a retirada da matriz lusitana, mas sim a afirmação de que temos em nossa formação cultural três culturas geradoras, sendo assim o aprendizado não deve se basear em uma ou outra e sim em todas.
As opiniões manifestadas foram interessantes e confesso que as mesmas deixaram o direcionamento da oficina um tanto quanto dificultoso, pois quando se faz um planejamento a expectativa criada é que tudo aconteça conforme o planejado. Contudo não foi isso que houve e acredito que esse seja o maior ganho de conhecimento proporcionado por esta experiência, o inesperado serve para que possamos reavaliar nossos posicionamentos, já que necessitamos da sensibilidade para percebermos as reações e informações que nos são dadas e assim refletirmos sobre outra forma de trocarmos conhecimentos sem imposições. Este é o grande desafio desconstruir a imagem do oficineiro como um detentor do saber e os demais como receptores do mesmo, ou seja, estabelecer uma relação horizontal em um espaço hierarquizante, como a sala de aula.
Trabalhamos com poesias de autores de diversos países do continente africano, com discussões em grupo para após compartilharmos com o coletivo. A interpretação das poesias foram ótimas, houveram resistências decorrentes da maneira escrita. Contudo as conclusões foram interessantes, pois o grupo estava aberto para a apresentação de algo novo e também depois de um tempo alguns se sentiram mais a vontade para exporem suas opiniões.
Conseguimos ao final desta experiência perceber que temos muito da cultura indígena e africana em nosso cotidiano. Nos mantivemos discutindo a influencia na escrita e concluímos coletivamente que, como disse um educando da EJA, “quem domina dá as regras do jogo”.

domingo, 16 de outubro de 2011

Articulação de saberes e enriquecimento com os textos no decorrer do ano.


Desde dezembro de 2010 quando iniciou-se os trabalhos dos Programas  PET/Conexões de Saberes – Diversidade, até o presente momento, discutimos diversos textos que tinham como ponto norteador a universidade e seus componentes, dando um novo olhar à sua estrutura antes total e indiscutivelmente elitista.
Hoje acredito que a “universidade” inicia um processo de transformação, procurando fazer reflexões não somente a cerca da universidade pública, mas como de certa forma o ensino superior e educação no Brasil.
Ainda são poucos os esforços, para a transformação desta universidade, mas pensa-la e discuti-la, como fazemos no PET/Conexões de Saberes – Diversidade, já indica que em alguns setores da mesma, há um incômodo sobre sua estrutura atual e para quê e quem ela está servindo.
Os esforços para modificação da educação são esforços tendo em vista que sem transforma-la não podemos pensar em modificar a sociedade perversa a qual vivemos, pois, é a partir dela que questionaremos as mazelas e discrepâncias vivenciadas com tanta passividade.
Concluo esta reflexão com uma frase do grande educador Paulo Freire.

“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda.” (Paulo Freire).

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fechamento presencial das discussões online sobre a Universidade

Das discussões online que fizemos (os grupos PET /Conexões de Saberes Diversidade e PET - Conexões de Saberes Identidade) ao longo do primeiro semestre de 2011, sobre a Universidade e suas problemáticas, realizamos um fechamento presencial no dia 01 de agosto para que pudéssemos compilar as conclusões a que chegamos, retirar dúvidas e abrir espaço para novas perspectivas que ainda não tínhamos observado.

Os três textos estudados foram "Conjuntura Educacional: Conexões de Saberes: uma outra visão sobre o ensino superior" de Carmen Teresa Gabriel Sabrina Moehlecke; "A universidade pública sob nova perspectiva" de Marilena Chaui; e "A Universidade do século XXI: Para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade" de Boaventura de Sousa Santos. Cada um desses textos nos deu lastro para uma grande quantidade de questionamentos sobre a realidade da Universidade brasileira, sua crise e também sobre seu posicionamento fronte a entrada desse novo público, os EUOPs (estudantes universitários de origem popular), em seu espaço.

Separados em três grupos, de acordo com o tempo de participação nos projetos, ficamos responsáveis por apresentar para nossos colegas os principais eixos dos textos. Esta atividade foi bastante enriquecedora, já que muitas vezes nas discussões online não era possível entender totalmente a visão dos outros colegas e até mesmo a visão dos autores, o que limitava a discussão. Além disso, foi possível relacionar os textos entre si, algo que ainda não havíamos feito, o que nos fez perceber que todos estes autores ao relacionar suas críticas ao sistema universitário público também explicitam possibilidades de soluções para os problemas destacados.
A dinâmica funcionou muito bem e certamente precisamos repeti-la , afinal, estas reflexões são indispensáveis para nossa formação enquanto sujeitos agentes dentro da Universidade.

domingo, 31 de julho de 2011

De volta ao Amistad: Reflexões e discussões sobre o filme


O último cineclube em cartaz foi realizado no mês de Junho e contou com a exibição do “hollywoodiano” Amistad de Steven Spielberg. Após a transmissão do longa, tivemos a oportunidade de discutir e refletir sobre a temática do filme (ressaltando que foi baseado em fatos reais) e que nesse post gostaria de compartilhar. Vamos as impressões! Em primeiro lugar há de se destacar que durante o evento pudemos ver a centralidade da figura heróica branca, sendo no longa representado pelo sexto presidente dos Estados Unidos John Quincy Adams. Sinceramente se tal aspecto não tivesse sido comentado, eu não teria percebido, e isso demonstra o quanto essa figura heróica é rotineira e natural nos filmes, em especial, os longas americanos. Tal “naturalidade” a essa figura denota o quanto o cinema, a televisão, os meios de comunicação em geral, mesmo em nações ditas “modernas”, mesmo em um filme que mostra a luta dos africanos por sua liberdade e sendo eles os próprios protagonistas, afirmam e pregam a exaltação e superioridade do branco.

Outro aspecto, que também se destacou na primeira exibição do Cineclube com o documentário “Atlântico negro na rota dos Orixás”, foi conhecer e identificar um pouco da cultura africana, que mais uma vez deve-se dizer: é extremamente diversificada. Uma das coisas da qual não tinha conhecimento, diz respeito à ideia de tribos. Tribo, em uma rápida pesquisa que fiz na internet tem o seguinte significado: “Sociedade humana rudimentarmente organizada”. O que chamou a minha atenção foi a presença da palavra “rudimentar”. A palavra “tribo” nada mais é do que a reconfiguração de seu significado, dando a ela uma ideia moderna e sendo destinada aos indígenas, asiáticos e africanos, não me lembrando em nenhum instante de tal palavra destinada a comunidades étnicas de cor branca.
Pudemos ver em todo o filme que os africanos do Amistad falavam diversas línguas, não se misturavam, antes se agregavam conforme a sua origem étnica, o que mostra o contrário do que muitos pensam do continente Africano. A África é há tempos organizada, com diversas nações, com pensamentos diferentes, com seus próprios líderes e crenças, o seu diferencial está em viver de forma que não age de acordo com os hábitos europeus.
Por último gostaria de ressalvar o que diz respeito as motivações que fizeram os prisioneiros do Amistad terem tanta repercussão. Os radicais acreditam que tal repercussão se deve a questões meramente políticas e econômicas, mas por outro lado, não podemos desmerecer a luta dos abolicionistas e dos próprios africanos. A política e a economia intervêm, modifica, atrapalha e ajuda conforme os seus interesses e determina os próximos passos de uma nação, os movimentos sociais e revolucionários também, mas o seu diferencial consiste no reconhecimento de que todos somos iguais e que não há regime político que possa justificar o contrário e são representações como essa que me faz acreditar que hoje, podemos ser esse diferencial, e podendo lutar em benefício, ou melhor, por igualdade, não só racial, mas social e humana.

Dando as devidas críticas à ficção, o filme é bonito, bem-feito, forte, emocionante, bom para reflexões,discussões e análises. Vale a pena assistir!
Sinopse e ficha técnica do filme: http://www.adorocinema.com/filmes/amistad/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Segundas de Diálogo - As ações afirmativas para negros no Brasil e nos EUA: Balanço e perspectivas.

Por: Thayara C. S de Lima

Nos posts anteriores alguns de meus colegas fizeram as devidas apresentações do evento e dos componentes da mesa: Prof° Dr° Michael Hanchard ( Johns Hopkins University), Profª Drª Rosana Heringer ( FE/UFRJ) e meus colegas conexistas Bruno Ramalho e Stephanie Sousa que além de conduzir muito bem o evento defenderam o posicionamento do grupo de maneira firme e confiante. Por isso em meu post concentrar-me-ei em impressões baseadas nos debates e nas apresentações da mesa.
O primeiro ponto que chamou minha atenção diz respeito ao balanço e perspectiva apresentados pelo Prof° Dr° Michael Hanchard sobre as políticas de ação afirmativa nos EUA. Um país constantemente apontado como exemplo de segregação mas também como palco de uma forte luta pelos direitos igualitários para negros e brancos. Essa luta resultara, entre outros, em políticas de ação afirmativa, outrora fortemente presentes, que hoje, após a crise de 2008, segundo expôs Dr° Michael vem perdendo força . Colocando lado a lado Brasil e EUA, percebo que enquanto nós estamos ainda em fase de luta para que se estabeleça a igualdade, os EUA caminham para trás a medida em que com a crise a desigualdade torna a se evidenciar.
Destaco um trecho de uma coluna da Folha de São Paulo de 26/07/2011 que pode ser vista na íntegra no seguinte endereço: O galope da desigualdade .

´´o site Huffington Post divulga análise estarrecedora sobre a desigualdade nos Estados Unidos: a diferença de renda entre os brancos e as minorias negra e hispânica atingiu o mais alto nível em 27 anos ou seja desde que se fazem pesquisas do gênero...A análise compara esses números com os de 1995, quando a diferença entre brancos e as duas minorias (negra e hispânica) era de apenas 7 para 1. O ano de 1995 marca o momento de expansão econômica que içou as minorias para um novo patamar de renda.``

Podemos observar essa regressão quando no trecho aparece a comparação com o ano de 1995, um ´´ano de promoção das minorias``.

O segundo ponto que me fez refletir bastante em nosso debate foi durante a participação de meu colega conexista Rogério. Ele questionou sobre a influência que as ações afirmativas tem sobre o preconceito e o racismo. Pensando sobre essa questão cheguei a conclusão de que a intenção principal da ação afirmativa não é influir sobre esses aspectos diretamente, inclusive um dos argumentos de quem se posiciona contra as ações afirmativas é a de que elas acabam por gerar tensões raciais na sociedade, se pensarmos naquela frase ´´tratar os desiguais como iguais só gera mais desigualdade`` fica mais fácil compreender que o objetivo dessa ações são de subsidiar um posicionamento igual de fato do negro na sociedade, dar condições para que ele se coloque de maneira igual. Quanto a estes graves problemas de nossa sociedade, o preconceito e a discriminação, acredito que influenciarão de forma muito positiva sobre eles a lei 10.639, apresentando e promovendo a cultura afro-brasileira, pois é só com o conhecimento que se pode acabar com o mal do pre-julgamento.

Apreciação do texto do Boaventura- A Universidade do século XXI



Como meus colegas relataram o texto do Boaventura me levou a refletir a meneira como via a Universidade e como a vejo hoje. Aquilo que de inicio parecia o fim de uma luta me fez perceber que era a penas o inicio de uma jornada, e respondendo um pouco a proposta da Poema penso que não é a sociedade queproduz para dominar, mas sim um grupo que não é a maioria conduz a um pensamento que lhe convêm e concerteza este é um grande problema da Universidade que deveria levar a construção de um pensamento crítico se deixando conduzir por um pensamento pertencente a um grupo que não é a maioria e transformando-o em Hegemônico.



Lendo um comentário da Luciana sobre um levantamento realizado pelo Bruno a respeito da privatização da Universidade concordo com ela e vejo que esta conformação social diante deste fato vem da escola que aceita essa omissão do Estado e não permite que o aluno desenvolva seu lado crítico. Se nós que temos essa formação crítica não levarmos nossos alunos , como professores ou futuros professores, essa conformação prevalecerá. E afinal o que é que queremos



A Universidade não deveria ser vista como uma maneira de subir de vida - como ocorre hoje na sociedadeem que vivemos- e uma oportunidade para poucos. Esta na hora de recuperar aquela que deveria ser sua principal característica a AUTONOMIA e pensar em que aluno quer formar e quem é esse aluno



É muito interessante essa ecologia de saberes a qual o Boaventura se remete da extenção ser feita de dentro para fora, que é o que estamos buscando realizar dentro do nosso projeto, trazer a Universidade para dentro da comunidade. Não restringir o conhecimento a penas a uma parcela da sociedade, a um unico grupo privilegiado.



Outro fato que fica muito visivel no tesxto do Boavemtura é sua constante crítica a atuação das empresas privadas dentro das Universidades que acabam influênciando a produção de conhecimento e o restringindo a um unico grupo da sociedade. O que acaba por prejudicar uma maioria que por não ter o auxilio do governo, que por comodismo deixa o setor privado atuar no seu lugar, e acaba privilegiando um determinado grupo por ter dinheiro.

Segundas de Dialogos- Ações Afirmativas no Brasil e Estados Unidos

Este Segunda de Dialogo foi muito bom contamos com a participação dos professores Michael Hanchad e Rosana Heringer, alem dos nossos colegas Bruno e Stephany que nos representaram admiravelmente na mesa. Contamos também com a presença de um grande grupo participante que tornou o debate muito interessante.

Também este debate fez me refletir sobre o como apesar ja existirem as ações afirmativas parecem caminhar muito lentamente no Brasil. Sei que perto do que ja fomos avançamos muito, porém é necessário não nos esquecermos que ainda há muito a ser feito e que é nosso papel lutar.

Reunião na Reitoria

Bolsistas dos projetos Pet Conexões de Saberes e os professores coordenadores






Mesa composta pelo atual Pró reitor a antiga Pró reitora e a professora antiga coordenadora do Conexões de Saberes




A reunião realizada na reitoria foi um evento importante para nós, pois tivemos a oportunidade de conhecer os outros projetos do conexões e saber como eles estão trabalhando. Foi também a oportunidade de auto avaliarmos nosso trabalho como parte do projeto e visualizarmos de uma certa forma o quanto já aprendemos até agora.

















Amistad

O filme Amistad alem de ser uma obra incrível pelo peso de seus actores e de seu director traz consigo uma das lições mais importantes lutar pelo que se acredita. O filme conta a história de pessoas que foram arrancadas de sua terra e passaram por varias adversidades, porém nunca desistiram.

O que também acaba mostrando que ao contrario do que nos foi ensinado na escola a escravidão não foi só combatida pelos que não eram escravos, mas principalmente por aqueles que sentiam na pele e sempre lutaram por sua liberdade. Uma das maiores provas era que quando a princesa Isabel assinou a lei áurea 95% da população negra era livre, no Brasil tivemos quilombos que foram o maior foco de resistência a escravidão.

Primeiro Segunda de Dialogos

O primeiro segunda de diálogos foi muito importante para nós do Pet conexões, conhecer toda a história do que foi a implementação do Conexões de Saberes um programa de ação afirmativa dentro de uma das maiores universidades do Brasil conhecer sua trajetória até o seu termino é tomar conciência de nossa responsabilidade como projeto que tende da continuidade ao que foi um dia o conexões.

Outro ponto que também é muito interessante tratar é como a luta do Conexões foi adimiravel a luta deles e o que atraves dessa luta acabou sendo criado um programa que é financiado diretamente pelo FNDE.

Atlântico Negro na Rota dos orixás










  1. O filme Atlântico Negro na Rota dos Orixás foi muito especial alem de ser o primeiro cine clube que realizamos, também é um filme incrível que traz consigo toda uma cultura que é deixada de lado e que sofre muito preconceito pelo simples fato de ser desconhecido e diferente. O filme mostra como essa cultura que veio para o nosso país influenciou nossa cultura e influência e também o que os que estiveram aqui levaram para lá .




Talvez uma das coisas mais importantes que o filme trouxe não seja unicamente a valorização dessa cultura, mas também algo que é desconhecido de nós é essa conexão que se estabeleceu entre o Brasil e os povos africanos que apesar de um oceano os separar são unidos e ligados por sua cultura e suas crenças.




Outro ponto que destaco deste cine clube que foi que me deixou mais feliz foi a reação do publico que apresentou uma excelente postura o que é muito difícil, pois as pessoas acabam se agarrando em seus pré-conceitos e têm medo do desconhecido do novo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Segundas de Diálogos

O último encontro do “Segundas de Diálogos”, realizado no dia 04 de julho de 2011, contou com as presenças mais que especiais dos professores convidados Rosana Heringer e Michael Hanchard, que palestraram sobre o seguinte tema: Ações afirmativas para negros no Brasil e nos EUA,balanço e perspectivas.

Com o auditório bem cooperado, com a presença de nossos colegas universitários e professores, a palestra foi de ótimo aproveitamento, pois despertou o interesse e a participação dos ouvintes que se manifestaram com algumas observações e perguntas relativas ao tema. Os questionamentos realizados pelos participantes da palestra, geraram um debate que iniciou com a comparação da existência das ações afirmativas para negros no Brasil e nos Estados Unidos e alcançando o debate das ações afirmativas para negros na UFRJ, tema este da próxima apresentação do “Segundas de Diálogos”.

Bruna C. Cruz

PET Conexões/Diversidade

Julho de 2011

Cineclube

No dia 29 de junho de 2011, o cine club apresentou AMISTAD, um filme com grande produção, elenco e direção. Amistad recria a realidade vivida pelos africanos no ano de 1839, quando um grupo de negros é retirado a força por seus próprios irmãos de raça (ou vizinhos) e vendidos como escravos e assim submetidos a condições subumanas dentro de um navio negreiro. Acorrentados, com fome e nus, foram transformados em produtos do mercado capitalista, restava-lhes apenas as crenças e a força por liberdade. O filme possui uma trama envolvente, pois os negros conseguem tomar o controle do navio negreiro e, chegam a costa leste dos Estados Unidos ( enganados, pois, acreditavam que estavam voltando para África), onde são presos e julgados pelo assassinato da tripulação do navio (contrabandistas de escravos). Com ajuda de um advogado contratado por um abolicionista, inicia-se uma luta judicial para libertação dos africanos.

Assistir esse filme, é sem dúvida a aquisição de um conhecimento muito valoroso. O vídeo descreve um momento importante da história, pois logo após a polemica do navio espanhol estourou a Guerra de Secessão, confronto entre Norte abolicionista e Sul escravista, nos Estados Unidos. Além do conhecimento histórico, o vídeo transpassa uma emoção libertadora, quando mostra que é possível acreditar no melhor resultado até o último momento.

Bruna C. Cruz

PET Conexões/Diversidade

Julho de 2011

Segundas de diálogos

A primeira realização do Segundas de Diálogos organizado pelo PET Conexões de Saberes, com a união dos grupos Identidade e Diversidade 2011,no dia 30 de maio de 2011, foi extremamente marcante, pois, as falas apresentadas pelas convidadas Sabrina Moehlecke e Carmen Gabriel e os conexistas Dina e Júlio que também participaram da mesa de discussão, esclareceram o papel do PET Conexões de Saberes dentro da UFRJ como um grupo que reconhece que dentro da universidade existem Estudantes Universitário de Origem Popular (EUOP).

Tendo em vista a minha participação no evento não apenas como ouvinte, mas também como nova conexista, considero que o evento foi esclarecedor principalmente no ponto em como iniciou o projeto,com seus objetivos e metas e quais mudanças ocorreram numa trajetória de cinco anos de existência do PET Conexões . É gratificante e enriquecedor saber que faço parte de um projeto que se importa com os estudantes de origem popular que outrora estavam a margem da universidade pública. O projeto os integra ao corpo universitário, lhes mostrando que é possível lutar e vencer em conjunto, com objetivos em comum e consciente de sua identidade. O PET Conexões tem por um de seus objetivos, contribuir com o desenvolvimento acadêmico de seus conexista, pois, por meio de seus planejamentos e realização dos mesmos, busca o sucesso da expressão da fala, da escrita, da dedicação a leitura e a pesquisa e, conseqüentemente a excelência acadêmica.

Vale ressaltar que é empolgante a informação de que existem outros Pets espalhados por todo o Brasil e, que este projeto é o resultado de muito esforço e perseverança de seus idealizadores.E hoje, podemos conhecer, divulgar e acrescentar em sua história as nossas novas conquistas.

Bruna C.Cruz

PET CONEXÕES/DIVERSIDADE

Julho de 2011

Cine club

Nossa primeira exibição no Cineclube foi o filme Atlântico negro: na rota dos orixás. Um documentário dirigido por Renato Barbieri em 1998, retrata a ligação dos negros africanos com o Brasil. Pode-se afirmar que escravizaram a força do negro, mas não conseguiram dominar sua alma.O documentário enfatiza a crença dos africanos, pois, mesmo com a dor do rapto de sua terra, longe de seus amados e submetidos ao trabalho intenso e condições de vida desrespeitosas, os negros não deixaram de ter fé. E essa fé os fizeram viver, resistir e lutar pela liberdade de seu povo. É possível sentirmos essa fé presente em nossa vida, representada em nossa cultura por meio das danças, dos batuques, dos penteados afro, tudo herança africana. O vídeo desperta um olhar cuidadoso para os detalhes dessa manifestação que uni o Brasil e a África, e por muitas vezes é descriminada por falta de conhecimento dessa rica contribuição cultural.

A contextualização do documentário realizada pela professora Monica Lima, trazendo a realidade de alguns fatos registrados em nossa história, comprovou a riqueza da cultura africana, emocionante em sua trajetória de dores, força e conquistas.

O evento realizado no dia 12 de maio de 2011, possibilitou o resgate pessoal da identidade negra presente em cada brasileiro e adormecido pela falta de conhecimento.

Bruna C. Cruz

PET Conexões/Diversidade

Julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os Reflexos do Teatro Experimental do Negro


16/07/2010 - 12h25

Milton Gonçalves vive judeu na peça "O Diário de Anne Frank"

Do UOL, no Rio
  • AgNews
    Milton Gonçalves na pré-estreia do filme "Encontro Explosivo", no Rio: judeu em peça (6/7/2010)
Desde que se despediu do ético coronel Caetano, do seriado “Força-Tarefa”, Milton Gonçalves só tem tido olhos para o teatro. Ou melhor: para Otto Frank, judeu que interpreta na peça “O Diário de Anne Frank”. Apesar de admitir que não tem absolutamente nada a ver com o personagem, o ator está adorando a experiência.
  • AP
    Fotografia de Anne Frank
“Já conhecia a história da Anne Frank e acho importante um ator negro interpretar um judeu. Através desse choque, o espectador percebe que não existe diferença entre as raças”, opina Milton.
Em cartaz no Teatro Maison de France, no centro do Rio de Janeiro, a peça conta a história verídica sobre a realidade vivida por Anne e sua família durante a Segunda Guerra Mundial, em um esconderijo em um sótão de uma fábrica de especiarias de Amsterdã, na Holanda. Ela escreveu um diário retratando os horrores que estas condições proporcionavam. Anne morreu num campo de concentração alemão em 1945.


Tive a oportunidade de ver, o ano passado, esse espetáculo. Sempre nas rodas com amigos, comentávamos algumas literaturas e citavam sempre "O Diário de Anne Frank", comecei pelo livro e terminei numa noite brilhante no Maison de France, no Centro do Rio. Confesso que de início, com a literatura tive um pouco de dificuldade. Seria necessário entender o que foi o Holocausto e suas causas. Fui em busca disso com alguns professores de história.

Faço uma relação dessa matéria de jornal com a minha pesquisa. Lembro que cheguei a comentar com uma amiga que iria assistir ao espetáculo, falamos da participação de Milton, no papel de Otto Frank, e a mesma teimou comigo dizendo que o pintariam de branco em cena. Achei aquilo um absurdo e estava preparado para ver o pior, o que de fato não ocorreu! Milton era Otto,brilhante e negro. Protagonizou um belíssimo final com muita emoção e verdade, foi o único sobrevivente.

Abdias, em 1944, na vinda do Peru para o Brasil criou o TEN (Teatro Experimental do Negro), após assistir no Teatro Municipal de Lima o espetáculo "O Imperador Jones" de Eugene O'Neill. É a história de um negro sofrido e infeliz que se torna um imperador. Esse personagem foi representado por um ator branco tingido de preto. Mais tarde, em 1945, aqui no Brasil esse mesmo texto é representado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro por um grupo de atores negros (TEN) que marcariam uma época. A partir daquele momento o negro deixaria de lado os papéis secundários e passava a PROTAGONIZAR a cena do teatro brasileiro.

Hudson Batista.



segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cine Clube Conexões em Cartaz - ´´Amistad``

Por: Thayara C. S. de Lima

Aconteceu na última quarta feira, dia 29 de junho, a segunda edição do cine clube Conexões em Cartaz, com a exibição do filme ´´Amistad``.
Participei, com boa dose de nervosismo, realizando a contextualização do filme.
´´Amistad`` é uma produção ´´Hollywoodiana`` e como tal deve ser analisada, fato para o qual nos atentou a Profª convidada, e também coordenadora do projeto PET conexões - Identidades, Warley da Costa. Muito embora não possa ser desconsiderada seu valor como fruto de uma detalhada pesquisa histórica e ótimo material elucidativo para utilização em sala de aula.
O filme possui uma forte carga emocional e começa explicitando a recusa dos africanos, recém capturados, em tornarem-se escravos. Mesmo acorrentados, em nenhum momento eles deixaram que sua essência fosse escravizada.
Nos são apresentadas diversas etapas de sua luta, começando pelo embate com os traficantes negreiros, contexto no qual é exposto todo tipo de maus tratos e desumanidades as quais eram submetidos os prisioneiros, e chegando a luta jurídica pela sua liberdade, que com o engajamento dos abolicionistas estadunidenses passou do status de pleito de um grupo específico ao de uma luta mais generalizada pela abolição.
É interessante observar que mesmo em meio a todas essas situações adversas, a sua identidade cultural permanece inabalável, seja numa prisão estadunidense, ou a bordo do navio negreiro eles mantém intactas suas tradições culturais, e esse sentimento de pertencimento a um lugar é representada principalmente pelo intenso desejo de retorno a África. Não adianta que sejam dadas cem voltas em torno da árvore do esquecimento (referência ao primeiro filme exibido no Cine clube, o documentário ´´Atlântico negro: Na rota dos Orixás``. No qual se faz referência a um ritual que os capturados eram obrigados a fazer, segundo esse costume, ao dar determinada quantidade de voltas na ´´Árvore do esquecimento`` o escravizado tornava-se uma ´´página em branco`` esquecendo-se de sua cultura e tradições e pronto pra uma vida de servidão como simples instrumento de trabalho). Por conta dessa forte identidade ,que eles mantinham, a cultura africana acabou por se espalhar pelo mundo juntamente com os escravos.
Outra questão referente a cultura que chama bastante atenção é o choque cultural bilateral, não há só o espanto do estadunidense para com o africano, o oposto também é exemplificado desmistificando inclusive a visão tribal que prevalece no imaginário popular sobre a África.
Este Filme é baseado em fatos reais, e refere-se ao processo UNITED STATES X LIBELLANTES AND CLAIMANTS OF THE SCHOONER AMISTAD (Estados Unidos X requerentes da escuna amistad). Esta foi a primeira vez que a escravidão foi de fato enfrentada pela suprema corte estadunidense.
A acusação foi baseada em um tratado ratificado pelos EUA e pela Espanha, e tenta se valer da classificação dos negros como mercadorias. Segue o artigo 9° desse tratado :

´´Todos os navios e mercadorias, de qualquer natureza, que sejam resgatados das mãos de piratas e ladrões, em alto-mar,devem ser levados para qualquer porto de um dos países participantes do tratado, e lá devem permanecer sob custódia pelas autoridades portuárias, para que sejam devolvidos para seus verdadeiros proprietários, assim que houver comprovação suficiente relativa a sua propriedade``

O que antes era apenas um processo de cunho comercial, acaba tocando num ponto central da política americana na época: a questão do abolicionismo. Todo o julgamento do processo é permeado pelo constante medo de uma guerra civil, e nesse momento era notório o receio político de que esse processo viesse a ser o estopim.