16/07/2010 - 12h25
Milton Gonçalves vive judeu na peça "O Diário de Anne Frank"
Do UOL, no Rio
- Milton Gonçalves na pré-estreia do filme "Encontro Explosivo", no Rio: judeu em peça (6/7/2010)
Desde que se despediu do ético coronel Caetano, do seriado “Força-Tarefa”, Milton Gonçalves só tem tido olhos para o teatro. Ou melhor: para Otto Frank, judeu que interpreta na peça “O Diário de Anne Frank”. Apesar de admitir que não tem absolutamente nada a ver com o personagem, o ator está adorando a experiência.
- Fotografia de Anne Frank
“Já conhecia a história da Anne Frank e acho importante um ator negro interpretar um judeu. Através desse choque, o espectador percebe que não existe diferença entre as raças”, opina Milton.
Em cartaz no Teatro Maison de France, no centro do Rio de Janeiro, a peça conta a história verídica sobre a realidade vivida por Anne e sua família durante a Segunda Guerra Mundial, em um esconderijo em um sótão de uma fábrica de especiarias de Amsterdã, na Holanda. Ela escreveu um diário retratando os horrores que estas condições proporcionavam. Anne morreu num campo de concentração alemão em 1945.
Tive a oportunidade de ver, o ano passado, esse espetáculo. Sempre nas rodas com amigos, comentávamos algumas literaturas e citavam sempre "O Diário de Anne Frank", comecei pelo livro e terminei numa noite brilhante no Maison de France, no Centro do Rio. Confesso que de início, com a literatura tive um pouco de dificuldade. Seria necessário entender o que foi o Holocausto e suas causas. Fui em busca disso com alguns professores de história.
Faço uma relação dessa matéria de jornal com a minha pesquisa. Lembro que cheguei a comentar com uma amiga que iria assistir ao espetáculo, falamos da participação de Milton, no papel de Otto Frank, e a mesma teimou comigo dizendo que o pintariam de branco em cena. Achei aquilo um absurdo e estava preparado para ver o pior, o que de fato não ocorreu! Milton era Otto,brilhante e negro. Protagonizou um belíssimo final com muita emoção e verdade, foi o único sobrevivente.
Abdias, em 1944, na vinda do Peru para o Brasil criou o TEN (Teatro Experimental do Negro), após assistir no Teatro Municipal de Lima o espetáculo "O Imperador Jones" de Eugene O'Neill. É a história de um negro sofrido e infeliz que se torna um imperador. Esse personagem foi representado por um ator branco tingido de preto. Mais tarde, em 1945, aqui no Brasil esse mesmo texto é representado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro por um grupo de atores negros (TEN) que marcariam uma época. A partir daquele momento o negro deixaria de lado os papéis secundários e passava a PROTAGONIZAR a cena do teatro brasileiro.
Hudson Batista.
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