segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A aula que me deram na Penha


A oficina realizada no Ciep Gregório Bezerra foi uma experiência gratificante, pois possibilitou que houvesse um aprendizado mutuo. O inicio de nossa troca de saberes se deu com o estranhamento entre duas formas de escrever poema, a rebuscada (português “bonito”) e a coloquial ( português popular). Nos questionamos de qual maneira seria a “correta” de escrever uma poesia de amor para que a temática do embranquecimento cultural fosse introduzida.
Não foi uma conversa fácil, pois temos engessado em nosso pensamento um aprendizado que privilegia uma cultura (a do colonizador) em detrimento das demais matrizes culturais de nossa nação brasileira. O foco da oficina não é a retirada da matriz lusitana, mas sim a afirmação de que temos em nossa formação cultural três culturas geradoras, sendo assim o aprendizado não deve se basear em uma ou outra e sim em todas.
As opiniões manifestadas foram interessantes e confesso que as mesmas deixaram o direcionamento da oficina um tanto quanto dificultoso, pois quando se faz um planejamento a expectativa criada é que tudo aconteça conforme o planejado. Contudo não foi isso que houve e acredito que esse seja o maior ganho de conhecimento proporcionado por esta experiência, o inesperado serve para que possamos reavaliar nossos posicionamentos, já que necessitamos da sensibilidade para percebermos as reações e informações que nos são dadas e assim refletirmos sobre outra forma de trocarmos conhecimentos sem imposições. Este é o grande desafio desconstruir a imagem do oficineiro como um detentor do saber e os demais como receptores do mesmo, ou seja, estabelecer uma relação horizontal em um espaço hierarquizante, como a sala de aula.
Trabalhamos com poesias de autores de diversos países do continente africano, com discussões em grupo para após compartilharmos com o coletivo. A interpretação das poesias foram ótimas, houveram resistências decorrentes da maneira escrita. Contudo as conclusões foram interessantes, pois o grupo estava aberto para a apresentação de algo novo e também depois de um tempo alguns se sentiram mais a vontade para exporem suas opiniões.
Conseguimos ao final desta experiência perceber que temos muito da cultura indígena e africana em nosso cotidiano. Nos mantivemos discutindo a influencia na escrita e concluímos coletivamente que, como disse um educando da EJA, “quem domina dá as regras do jogo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário