domingo, 31 de julho de 2011

De volta ao Amistad: Reflexões e discussões sobre o filme


O último cineclube em cartaz foi realizado no mês de Junho e contou com a exibição do “hollywoodiano” Amistad de Steven Spielberg. Após a transmissão do longa, tivemos a oportunidade de discutir e refletir sobre a temática do filme (ressaltando que foi baseado em fatos reais) e que nesse post gostaria de compartilhar. Vamos as impressões! Em primeiro lugar há de se destacar que durante o evento pudemos ver a centralidade da figura heróica branca, sendo no longa representado pelo sexto presidente dos Estados Unidos John Quincy Adams. Sinceramente se tal aspecto não tivesse sido comentado, eu não teria percebido, e isso demonstra o quanto essa figura heróica é rotineira e natural nos filmes, em especial, os longas americanos. Tal “naturalidade” a essa figura denota o quanto o cinema, a televisão, os meios de comunicação em geral, mesmo em nações ditas “modernas”, mesmo em um filme que mostra a luta dos africanos por sua liberdade e sendo eles os próprios protagonistas, afirmam e pregam a exaltação e superioridade do branco.

Outro aspecto, que também se destacou na primeira exibição do Cineclube com o documentário “Atlântico negro na rota dos Orixás”, foi conhecer e identificar um pouco da cultura africana, que mais uma vez deve-se dizer: é extremamente diversificada. Uma das coisas da qual não tinha conhecimento, diz respeito à ideia de tribos. Tribo, em uma rápida pesquisa que fiz na internet tem o seguinte significado: “Sociedade humana rudimentarmente organizada”. O que chamou a minha atenção foi a presença da palavra “rudimentar”. A palavra “tribo” nada mais é do que a reconfiguração de seu significado, dando a ela uma ideia moderna e sendo destinada aos indígenas, asiáticos e africanos, não me lembrando em nenhum instante de tal palavra destinada a comunidades étnicas de cor branca.
Pudemos ver em todo o filme que os africanos do Amistad falavam diversas línguas, não se misturavam, antes se agregavam conforme a sua origem étnica, o que mostra o contrário do que muitos pensam do continente Africano. A África é há tempos organizada, com diversas nações, com pensamentos diferentes, com seus próprios líderes e crenças, o seu diferencial está em viver de forma que não age de acordo com os hábitos europeus.
Por último gostaria de ressalvar o que diz respeito as motivações que fizeram os prisioneiros do Amistad terem tanta repercussão. Os radicais acreditam que tal repercussão se deve a questões meramente políticas e econômicas, mas por outro lado, não podemos desmerecer a luta dos abolicionistas e dos próprios africanos. A política e a economia intervêm, modifica, atrapalha e ajuda conforme os seus interesses e determina os próximos passos de uma nação, os movimentos sociais e revolucionários também, mas o seu diferencial consiste no reconhecimento de que todos somos iguais e que não há regime político que possa justificar o contrário e são representações como essa que me faz acreditar que hoje, podemos ser esse diferencial, e podendo lutar em benefício, ou melhor, por igualdade, não só racial, mas social e humana.

Dando as devidas críticas à ficção, o filme é bonito, bem-feito, forte, emocionante, bom para reflexões,discussões e análises. Vale a pena assistir!
Sinopse e ficha técnica do filme: http://www.adorocinema.com/filmes/amistad/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Segundas de Diálogo - As ações afirmativas para negros no Brasil e nos EUA: Balanço e perspectivas.

Por: Thayara C. S de Lima

Nos posts anteriores alguns de meus colegas fizeram as devidas apresentações do evento e dos componentes da mesa: Prof° Dr° Michael Hanchard ( Johns Hopkins University), Profª Drª Rosana Heringer ( FE/UFRJ) e meus colegas conexistas Bruno Ramalho e Stephanie Sousa que além de conduzir muito bem o evento defenderam o posicionamento do grupo de maneira firme e confiante. Por isso em meu post concentrar-me-ei em impressões baseadas nos debates e nas apresentações da mesa.
O primeiro ponto que chamou minha atenção diz respeito ao balanço e perspectiva apresentados pelo Prof° Dr° Michael Hanchard sobre as políticas de ação afirmativa nos EUA. Um país constantemente apontado como exemplo de segregação mas também como palco de uma forte luta pelos direitos igualitários para negros e brancos. Essa luta resultara, entre outros, em políticas de ação afirmativa, outrora fortemente presentes, que hoje, após a crise de 2008, segundo expôs Dr° Michael vem perdendo força . Colocando lado a lado Brasil e EUA, percebo que enquanto nós estamos ainda em fase de luta para que se estabeleça a igualdade, os EUA caminham para trás a medida em que com a crise a desigualdade torna a se evidenciar.
Destaco um trecho de uma coluna da Folha de São Paulo de 26/07/2011 que pode ser vista na íntegra no seguinte endereço: O galope da desigualdade .

´´o site Huffington Post divulga análise estarrecedora sobre a desigualdade nos Estados Unidos: a diferença de renda entre os brancos e as minorias negra e hispânica atingiu o mais alto nível em 27 anos ou seja desde que se fazem pesquisas do gênero...A análise compara esses números com os de 1995, quando a diferença entre brancos e as duas minorias (negra e hispânica) era de apenas 7 para 1. O ano de 1995 marca o momento de expansão econômica que içou as minorias para um novo patamar de renda.``

Podemos observar essa regressão quando no trecho aparece a comparação com o ano de 1995, um ´´ano de promoção das minorias``.

O segundo ponto que me fez refletir bastante em nosso debate foi durante a participação de meu colega conexista Rogério. Ele questionou sobre a influência que as ações afirmativas tem sobre o preconceito e o racismo. Pensando sobre essa questão cheguei a conclusão de que a intenção principal da ação afirmativa não é influir sobre esses aspectos diretamente, inclusive um dos argumentos de quem se posiciona contra as ações afirmativas é a de que elas acabam por gerar tensões raciais na sociedade, se pensarmos naquela frase ´´tratar os desiguais como iguais só gera mais desigualdade`` fica mais fácil compreender que o objetivo dessa ações são de subsidiar um posicionamento igual de fato do negro na sociedade, dar condições para que ele se coloque de maneira igual. Quanto a estes graves problemas de nossa sociedade, o preconceito e a discriminação, acredito que influenciarão de forma muito positiva sobre eles a lei 10.639, apresentando e promovendo a cultura afro-brasileira, pois é só com o conhecimento que se pode acabar com o mal do pre-julgamento.

Apreciação do texto do Boaventura- A Universidade do século XXI



Como meus colegas relataram o texto do Boaventura me levou a refletir a meneira como via a Universidade e como a vejo hoje. Aquilo que de inicio parecia o fim de uma luta me fez perceber que era a penas o inicio de uma jornada, e respondendo um pouco a proposta da Poema penso que não é a sociedade queproduz para dominar, mas sim um grupo que não é a maioria conduz a um pensamento que lhe convêm e concerteza este é um grande problema da Universidade que deveria levar a construção de um pensamento crítico se deixando conduzir por um pensamento pertencente a um grupo que não é a maioria e transformando-o em Hegemônico.



Lendo um comentário da Luciana sobre um levantamento realizado pelo Bruno a respeito da privatização da Universidade concordo com ela e vejo que esta conformação social diante deste fato vem da escola que aceita essa omissão do Estado e não permite que o aluno desenvolva seu lado crítico. Se nós que temos essa formação crítica não levarmos nossos alunos , como professores ou futuros professores, essa conformação prevalecerá. E afinal o que é que queremos



A Universidade não deveria ser vista como uma maneira de subir de vida - como ocorre hoje na sociedadeem que vivemos- e uma oportunidade para poucos. Esta na hora de recuperar aquela que deveria ser sua principal característica a AUTONOMIA e pensar em que aluno quer formar e quem é esse aluno



É muito interessante essa ecologia de saberes a qual o Boaventura se remete da extenção ser feita de dentro para fora, que é o que estamos buscando realizar dentro do nosso projeto, trazer a Universidade para dentro da comunidade. Não restringir o conhecimento a penas a uma parcela da sociedade, a um unico grupo privilegiado.



Outro fato que fica muito visivel no tesxto do Boavemtura é sua constante crítica a atuação das empresas privadas dentro das Universidades que acabam influênciando a produção de conhecimento e o restringindo a um unico grupo da sociedade. O que acaba por prejudicar uma maioria que por não ter o auxilio do governo, que por comodismo deixa o setor privado atuar no seu lugar, e acaba privilegiando um determinado grupo por ter dinheiro.

Segundas de Dialogos- Ações Afirmativas no Brasil e Estados Unidos

Este Segunda de Dialogo foi muito bom contamos com a participação dos professores Michael Hanchad e Rosana Heringer, alem dos nossos colegas Bruno e Stephany que nos representaram admiravelmente na mesa. Contamos também com a presença de um grande grupo participante que tornou o debate muito interessante.

Também este debate fez me refletir sobre o como apesar ja existirem as ações afirmativas parecem caminhar muito lentamente no Brasil. Sei que perto do que ja fomos avançamos muito, porém é necessário não nos esquecermos que ainda há muito a ser feito e que é nosso papel lutar.

Reunião na Reitoria

Bolsistas dos projetos Pet Conexões de Saberes e os professores coordenadores






Mesa composta pelo atual Pró reitor a antiga Pró reitora e a professora antiga coordenadora do Conexões de Saberes




A reunião realizada na reitoria foi um evento importante para nós, pois tivemos a oportunidade de conhecer os outros projetos do conexões e saber como eles estão trabalhando. Foi também a oportunidade de auto avaliarmos nosso trabalho como parte do projeto e visualizarmos de uma certa forma o quanto já aprendemos até agora.

















Amistad

O filme Amistad alem de ser uma obra incrível pelo peso de seus actores e de seu director traz consigo uma das lições mais importantes lutar pelo que se acredita. O filme conta a história de pessoas que foram arrancadas de sua terra e passaram por varias adversidades, porém nunca desistiram.

O que também acaba mostrando que ao contrario do que nos foi ensinado na escola a escravidão não foi só combatida pelos que não eram escravos, mas principalmente por aqueles que sentiam na pele e sempre lutaram por sua liberdade. Uma das maiores provas era que quando a princesa Isabel assinou a lei áurea 95% da população negra era livre, no Brasil tivemos quilombos que foram o maior foco de resistência a escravidão.

Primeiro Segunda de Dialogos

O primeiro segunda de diálogos foi muito importante para nós do Pet conexões, conhecer toda a história do que foi a implementação do Conexões de Saberes um programa de ação afirmativa dentro de uma das maiores universidades do Brasil conhecer sua trajetória até o seu termino é tomar conciência de nossa responsabilidade como projeto que tende da continuidade ao que foi um dia o conexões.

Outro ponto que também é muito interessante tratar é como a luta do Conexões foi adimiravel a luta deles e o que atraves dessa luta acabou sendo criado um programa que é financiado diretamente pelo FNDE.

Atlântico Negro na Rota dos orixás










  1. O filme Atlântico Negro na Rota dos Orixás foi muito especial alem de ser o primeiro cine clube que realizamos, também é um filme incrível que traz consigo toda uma cultura que é deixada de lado e que sofre muito preconceito pelo simples fato de ser desconhecido e diferente. O filme mostra como essa cultura que veio para o nosso país influenciou nossa cultura e influência e também o que os que estiveram aqui levaram para lá .




Talvez uma das coisas mais importantes que o filme trouxe não seja unicamente a valorização dessa cultura, mas também algo que é desconhecido de nós é essa conexão que se estabeleceu entre o Brasil e os povos africanos que apesar de um oceano os separar são unidos e ligados por sua cultura e suas crenças.




Outro ponto que destaco deste cine clube que foi que me deixou mais feliz foi a reação do publico que apresentou uma excelente postura o que é muito difícil, pois as pessoas acabam se agarrando em seus pré-conceitos e têm medo do desconhecido do novo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Segundas de Diálogos

O último encontro do “Segundas de Diálogos”, realizado no dia 04 de julho de 2011, contou com as presenças mais que especiais dos professores convidados Rosana Heringer e Michael Hanchard, que palestraram sobre o seguinte tema: Ações afirmativas para negros no Brasil e nos EUA,balanço e perspectivas.

Com o auditório bem cooperado, com a presença de nossos colegas universitários e professores, a palestra foi de ótimo aproveitamento, pois despertou o interesse e a participação dos ouvintes que se manifestaram com algumas observações e perguntas relativas ao tema. Os questionamentos realizados pelos participantes da palestra, geraram um debate que iniciou com a comparação da existência das ações afirmativas para negros no Brasil e nos Estados Unidos e alcançando o debate das ações afirmativas para negros na UFRJ, tema este da próxima apresentação do “Segundas de Diálogos”.

Bruna C. Cruz

PET Conexões/Diversidade

Julho de 2011

Cineclube

No dia 29 de junho de 2011, o cine club apresentou AMISTAD, um filme com grande produção, elenco e direção. Amistad recria a realidade vivida pelos africanos no ano de 1839, quando um grupo de negros é retirado a força por seus próprios irmãos de raça (ou vizinhos) e vendidos como escravos e assim submetidos a condições subumanas dentro de um navio negreiro. Acorrentados, com fome e nus, foram transformados em produtos do mercado capitalista, restava-lhes apenas as crenças e a força por liberdade. O filme possui uma trama envolvente, pois os negros conseguem tomar o controle do navio negreiro e, chegam a costa leste dos Estados Unidos ( enganados, pois, acreditavam que estavam voltando para África), onde são presos e julgados pelo assassinato da tripulação do navio (contrabandistas de escravos). Com ajuda de um advogado contratado por um abolicionista, inicia-se uma luta judicial para libertação dos africanos.

Assistir esse filme, é sem dúvida a aquisição de um conhecimento muito valoroso. O vídeo descreve um momento importante da história, pois logo após a polemica do navio espanhol estourou a Guerra de Secessão, confronto entre Norte abolicionista e Sul escravista, nos Estados Unidos. Além do conhecimento histórico, o vídeo transpassa uma emoção libertadora, quando mostra que é possível acreditar no melhor resultado até o último momento.

Bruna C. Cruz

PET Conexões/Diversidade

Julho de 2011

Segundas de diálogos

A primeira realização do Segundas de Diálogos organizado pelo PET Conexões de Saberes, com a união dos grupos Identidade e Diversidade 2011,no dia 30 de maio de 2011, foi extremamente marcante, pois, as falas apresentadas pelas convidadas Sabrina Moehlecke e Carmen Gabriel e os conexistas Dina e Júlio que também participaram da mesa de discussão, esclareceram o papel do PET Conexões de Saberes dentro da UFRJ como um grupo que reconhece que dentro da universidade existem Estudantes Universitário de Origem Popular (EUOP).

Tendo em vista a minha participação no evento não apenas como ouvinte, mas também como nova conexista, considero que o evento foi esclarecedor principalmente no ponto em como iniciou o projeto,com seus objetivos e metas e quais mudanças ocorreram numa trajetória de cinco anos de existência do PET Conexões . É gratificante e enriquecedor saber que faço parte de um projeto que se importa com os estudantes de origem popular que outrora estavam a margem da universidade pública. O projeto os integra ao corpo universitário, lhes mostrando que é possível lutar e vencer em conjunto, com objetivos em comum e consciente de sua identidade. O PET Conexões tem por um de seus objetivos, contribuir com o desenvolvimento acadêmico de seus conexista, pois, por meio de seus planejamentos e realização dos mesmos, busca o sucesso da expressão da fala, da escrita, da dedicação a leitura e a pesquisa e, conseqüentemente a excelência acadêmica.

Vale ressaltar que é empolgante a informação de que existem outros Pets espalhados por todo o Brasil e, que este projeto é o resultado de muito esforço e perseverança de seus idealizadores.E hoje, podemos conhecer, divulgar e acrescentar em sua história as nossas novas conquistas.

Bruna C.Cruz

PET CONEXÕES/DIVERSIDADE

Julho de 2011

Cine club

Nossa primeira exibição no Cineclube foi o filme Atlântico negro: na rota dos orixás. Um documentário dirigido por Renato Barbieri em 1998, retrata a ligação dos negros africanos com o Brasil. Pode-se afirmar que escravizaram a força do negro, mas não conseguiram dominar sua alma.O documentário enfatiza a crença dos africanos, pois, mesmo com a dor do rapto de sua terra, longe de seus amados e submetidos ao trabalho intenso e condições de vida desrespeitosas, os negros não deixaram de ter fé. E essa fé os fizeram viver, resistir e lutar pela liberdade de seu povo. É possível sentirmos essa fé presente em nossa vida, representada em nossa cultura por meio das danças, dos batuques, dos penteados afro, tudo herança africana. O vídeo desperta um olhar cuidadoso para os detalhes dessa manifestação que uni o Brasil e a África, e por muitas vezes é descriminada por falta de conhecimento dessa rica contribuição cultural.

A contextualização do documentário realizada pela professora Monica Lima, trazendo a realidade de alguns fatos registrados em nossa história, comprovou a riqueza da cultura africana, emocionante em sua trajetória de dores, força e conquistas.

O evento realizado no dia 12 de maio de 2011, possibilitou o resgate pessoal da identidade negra presente em cada brasileiro e adormecido pela falta de conhecimento.

Bruna C. Cruz

PET Conexões/Diversidade

Julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os Reflexos do Teatro Experimental do Negro


16/07/2010 - 12h25

Milton Gonçalves vive judeu na peça "O Diário de Anne Frank"

Do UOL, no Rio
  • AgNews
    Milton Gonçalves na pré-estreia do filme "Encontro Explosivo", no Rio: judeu em peça (6/7/2010)
Desde que se despediu do ético coronel Caetano, do seriado “Força-Tarefa”, Milton Gonçalves só tem tido olhos para o teatro. Ou melhor: para Otto Frank, judeu que interpreta na peça “O Diário de Anne Frank”. Apesar de admitir que não tem absolutamente nada a ver com o personagem, o ator está adorando a experiência.
  • AP
    Fotografia de Anne Frank
“Já conhecia a história da Anne Frank e acho importante um ator negro interpretar um judeu. Através desse choque, o espectador percebe que não existe diferença entre as raças”, opina Milton.
Em cartaz no Teatro Maison de France, no centro do Rio de Janeiro, a peça conta a história verídica sobre a realidade vivida por Anne e sua família durante a Segunda Guerra Mundial, em um esconderijo em um sótão de uma fábrica de especiarias de Amsterdã, na Holanda. Ela escreveu um diário retratando os horrores que estas condições proporcionavam. Anne morreu num campo de concentração alemão em 1945.


Tive a oportunidade de ver, o ano passado, esse espetáculo. Sempre nas rodas com amigos, comentávamos algumas literaturas e citavam sempre "O Diário de Anne Frank", comecei pelo livro e terminei numa noite brilhante no Maison de France, no Centro do Rio. Confesso que de início, com a literatura tive um pouco de dificuldade. Seria necessário entender o que foi o Holocausto e suas causas. Fui em busca disso com alguns professores de história.

Faço uma relação dessa matéria de jornal com a minha pesquisa. Lembro que cheguei a comentar com uma amiga que iria assistir ao espetáculo, falamos da participação de Milton, no papel de Otto Frank, e a mesma teimou comigo dizendo que o pintariam de branco em cena. Achei aquilo um absurdo e estava preparado para ver o pior, o que de fato não ocorreu! Milton era Otto,brilhante e negro. Protagonizou um belíssimo final com muita emoção e verdade, foi o único sobrevivente.

Abdias, em 1944, na vinda do Peru para o Brasil criou o TEN (Teatro Experimental do Negro), após assistir no Teatro Municipal de Lima o espetáculo "O Imperador Jones" de Eugene O'Neill. É a história de um negro sofrido e infeliz que se torna um imperador. Esse personagem foi representado por um ator branco tingido de preto. Mais tarde, em 1945, aqui no Brasil esse mesmo texto é representado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro por um grupo de atores negros (TEN) que marcariam uma época. A partir daquele momento o negro deixaria de lado os papéis secundários e passava a PROTAGONIZAR a cena do teatro brasileiro.

Hudson Batista.



segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cine Clube Conexões em Cartaz - ´´Amistad``

Por: Thayara C. S. de Lima

Aconteceu na última quarta feira, dia 29 de junho, a segunda edição do cine clube Conexões em Cartaz, com a exibição do filme ´´Amistad``.
Participei, com boa dose de nervosismo, realizando a contextualização do filme.
´´Amistad`` é uma produção ´´Hollywoodiana`` e como tal deve ser analisada, fato para o qual nos atentou a Profª convidada, e também coordenadora do projeto PET conexões - Identidades, Warley da Costa. Muito embora não possa ser desconsiderada seu valor como fruto de uma detalhada pesquisa histórica e ótimo material elucidativo para utilização em sala de aula.
O filme possui uma forte carga emocional e começa explicitando a recusa dos africanos, recém capturados, em tornarem-se escravos. Mesmo acorrentados, em nenhum momento eles deixaram que sua essência fosse escravizada.
Nos são apresentadas diversas etapas de sua luta, começando pelo embate com os traficantes negreiros, contexto no qual é exposto todo tipo de maus tratos e desumanidades as quais eram submetidos os prisioneiros, e chegando a luta jurídica pela sua liberdade, que com o engajamento dos abolicionistas estadunidenses passou do status de pleito de um grupo específico ao de uma luta mais generalizada pela abolição.
É interessante observar que mesmo em meio a todas essas situações adversas, a sua identidade cultural permanece inabalável, seja numa prisão estadunidense, ou a bordo do navio negreiro eles mantém intactas suas tradições culturais, e esse sentimento de pertencimento a um lugar é representada principalmente pelo intenso desejo de retorno a África. Não adianta que sejam dadas cem voltas em torno da árvore do esquecimento (referência ao primeiro filme exibido no Cine clube, o documentário ´´Atlântico negro: Na rota dos Orixás``. No qual se faz referência a um ritual que os capturados eram obrigados a fazer, segundo esse costume, ao dar determinada quantidade de voltas na ´´Árvore do esquecimento`` o escravizado tornava-se uma ´´página em branco`` esquecendo-se de sua cultura e tradições e pronto pra uma vida de servidão como simples instrumento de trabalho). Por conta dessa forte identidade ,que eles mantinham, a cultura africana acabou por se espalhar pelo mundo juntamente com os escravos.
Outra questão referente a cultura que chama bastante atenção é o choque cultural bilateral, não há só o espanto do estadunidense para com o africano, o oposto também é exemplificado desmistificando inclusive a visão tribal que prevalece no imaginário popular sobre a África.
Este Filme é baseado em fatos reais, e refere-se ao processo UNITED STATES X LIBELLANTES AND CLAIMANTS OF THE SCHOONER AMISTAD (Estados Unidos X requerentes da escuna amistad). Esta foi a primeira vez que a escravidão foi de fato enfrentada pela suprema corte estadunidense.
A acusação foi baseada em um tratado ratificado pelos EUA e pela Espanha, e tenta se valer da classificação dos negros como mercadorias. Segue o artigo 9° desse tratado :

´´Todos os navios e mercadorias, de qualquer natureza, que sejam resgatados das mãos de piratas e ladrões, em alto-mar,devem ser levados para qualquer porto de um dos países participantes do tratado, e lá devem permanecer sob custódia pelas autoridades portuárias, para que sejam devolvidos para seus verdadeiros proprietários, assim que houver comprovação suficiente relativa a sua propriedade``

O que antes era apenas um processo de cunho comercial, acaba tocando num ponto central da política americana na época: a questão do abolicionismo. Todo o julgamento do processo é permeado pelo constante medo de uma guerra civil, e nesse momento era notório o receio político de que esse processo viesse a ser o estopim.