sexta-feira, 17 de junho de 2011

Possibilidades para a Universidade Pública - ´´A Universidade no século XXI``

Por: Bruno Ramalho

É inegável, e já discutimos bem isso com o texto de Marilena Chauí, que a universidade pública está passando por sérias crises. O constante desinteresse do Estado em garantir a universidade como um bem público é apenas um dos problemas apontados no texto, ao qual procuro me focar.
Defendo com unhas e dentes a gratuidade da universidade, entretanto, acredito sim que a iniciativa privada pode ajudar a melhorar um quadro onde o ensino público é, cada vez mais, visto como um peso para o Estado. Seria muito lugar-comum defender aqui uma reforma universitária, onde o Estado passasse a valorizar a educação, garantindo sua legitimidade, investindo em infraestrutura, valorizando o professor ... Se isso acontecesse seria realmente ótimo, entretanto não aconteceu, e com a perspectiva que nós temos (já começamos o ano de 2011 com a notícia de um corte estratosférico na verba para a educação), parece que tão cedo não acontecerá.

Por isso, defendo que as instituições privadas podem sim ajudar na superação das crises da universidade pública.
Na página doze, Boaventura diz o seguinte: "O primeiro nível de mercadorização consiste em induzir a universidade a ultrapassar a crise financeira mediante a geração de receitas próprias, nomeadamente através de parcerias com o capital, sobretudo industrial.Neste nível, a universidade pública mantém a sua autonomia e a sua especificidade institucional, privatizando parte dos serviços que presta."
Até aí, eu concordo. Acredito que o capital privado só deve ser aceito sem a perda da autonomia e da legitimidade da universidade pública. O que não concordo é que a universidade seja submissa a esse capital, se adaptando às necessidades desse setor. Não acredito que a parceria com o capital privado leve à mercadorização do ensino superior público, mas sim a submissão do ensino a esse capital.

É ao que Boaventura chama de ''segundo nível de mercadorização'' que eu me oponho. A universidade como um todo (alunos, docentes, técnico-administrativos, etc) deve se opor a caracterização da mesma como uma empresa, um mercado de gestão universitária, onde se vendem certificações.

Termino minha pequena exposição citando o exemplo dos Estados Unidos da América. Onde as universidades privadas se encontram no topo da hierarquia (o que não é o caso do Brasil), as universidades públicas se adaptaram, buscando fontes alternativas de financiamento em instituições e fundações. A conseqüência disso é que hoje as univesidades públicas daquele país dependem cada vez menos do Estado.

Gostaria apenas de salientar que não defendo a cobrança de mensalidades em universidades públicas, como ocorre nos EUA. Reitero que sou a favor da gratuidade do ensino superior. Obviamente não tenho a solução para os problemas educacionais do Brasil, nem tenho essa pretensão. O que proponho aqui é um diálogo, explorar alternativas além da, já batida, idéia de esperar que o governo passe a valorizar o ensino. Enfim, aceito concordâncias e discordâncias. Acredito que esse espaço seja para isso, trocarmos idéias.

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