sexta-feira, 17 de junho de 2011

Crítica ao capital privado nas Universidades - ´´A Universidade no século XXI``

Por: Thayara C. S. de Lima

Quanto a questão da iniciativa privada, discordando do Bruno, não acredito ser possível uma associação onde há o capital empresarial entrando na universidade, sem esperar um retorno. Apartir do momento em que uma empresa privada instala seu capital dentro da universidade, e as vezes instala-se até fisicamente, ela acaba direcionando e monopolizando as pesquisas, não sei se me faço entender perfeitamente. Um exemplo claro é a corrida por financiamentos, onde ao invés de se pesquisar em uma área de interesse o pesquisador opta por realizar seus estudos baseado na possibilidade de aplicação em determinada empresa, os conhecimentos deixam de visar o benefício universal e passam a ter uma conotação capitalista, outra consequência é o surgimento do monopólio do conhecimento pela determinada empresa, o que no texto de Marilena Chauí era denominado como ´´Sociedade do conhecimento``.
Não enxergo os níveis da mercadorização da educação de forma isolada, acredito que o primeiro irremediavelmente levará ao próximo caso a sociedade acadêmica aceite essa associação com o capital privado. Concluindo a citação do Boaventura que o Bruno utilizou, ´´a universidade pública mantém a sua autonomia e a sua especificidade institucional, privatizando parte dos serviços que presta.`` Para mim soa contraditório uma universidade pública com parte de seus serviços privatizados.

Não acho que os EUA seja um exemplo a ser seguido, sob a minha ótica o que houve com as universidades de lá foi exatamente o que nós lutamos para que não aconteça aqui, as universidades públicas foram absolutamente banalizadas, e mesmo assim elas não são mais gratuitas, o estado praticamente se eximiu de responsabilidade sobre a educação superior, e como o autor cita em grande parte elas se mantém ´´através do aumento dos preços das matrículas``, em minha opinião o resultado desse processo foi uma elitização ainda maior dos níveis superiores de ensino de qualidade. Não raramente observamos em filmes de hollywood cenas onde um bebê nasce e os pais começam uma poupança para a universidade, pode parecer um exemplo banal, mas demonstra a inacessibilidade que esse processo acarretaria para um estudante de origem popular que desejasse ingressar em uma universidade de qualidade aqui no Brasil.
Ainda no campo dos exemplos estrangeiros, me chamou muita atenção a postura adotada pelo banco mundial em relação a África. Acredito que a impossibilidade de crescimento intelectual gera uma sociedade que jamais conseguirá se estruturar adequadamente do ponto de vista político e econômico gerando assim um ciclo de subdesenvolvimento.

As crises da Universidade pública já estão devidamente identificadas, Fica claro pra nós que a própria instituição aparenta não ter tomado consciência dos danos acarretados pela sua postura de organização social, uma vez que elas seguem ainda cultivando as causas dessas crises. Cabe a sociedade acadêmica não permitir que elas sejam resolvidas/encobertas como foram a crise de legitimidade e a crise de hegemonia, sendo niveladas por baixo, a primeira ´´pela crescente segmentação do sistema universitário`` e a segunda ´´pela crescente descaracterização intelectual da universidade``.

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