
Voltando ao evento, no início da tarde, nos dirigimos à mesa de credenciamento onde nos deparamos com outra situação interessante. Um dxs alunxs participantes da produção do evento me abordou perguntando se havia sido eu a aluna da UFRJ que enviou um documento para comprovar sua identidade estudantil onde estavam listadas diversas disciplinas do curso de História. Thayara, a aluna em questão, lhe disse que era ela e tentou justificar a situação, mas não era esse o interesse do aluno da UFES. Ele, também pertencente ao curso de História, ficou impressionado com a amplidão de disciplinas e temáticas abordadas no currículo do curso oferecido em nossa universidade. É interessante observar que xs alunxs da UFRJ apresentam grande descontentamento com a grade que lhes é oferecida - não me apegarei neste momento a entrar no mérito de validade desta situação. Colocados diante daquele relato, onde o aluno nos disse que ali, em uma universidade federal, seu curso apenas se mantinha porque uma outra aluna apresentou uma proposta de currículo que é a atual, percebemos como as múltiplas faces do ensino no Brasil podem ser complexas e se estenderem nessa complexidade em diversos níveis.
Após este momento, participamos da primeira parte do evento, que era uma mesa formada com o intuito de provocar os participantes sobre a possibilidade de reinstalar o Fórum de Educação Etnicorraciais.
Logo em seguida, aconteceu a cerimônia oficial de abertura do evento, contando com representantes de diferentes esferas políticas estaduais, municipais e federal. A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UFES) e também vice-reitora, Professora Drª. Maria Aparecida Santos Corrêa Barreto seguiu dando início à Conferência "Relações Sul/Sul e os Desafios para Implementação da Lei 10.639/2003", com os conferentes Leonor Franco de Araújo e Dejair Dionisio.
Destaco desta mesa a fala da Mestre Leonor a respeito do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Realçando que o processo de implantação da Lei 10.639/2003 tem ocorrido sem que ela venha sendo implementada de fato, pelo menos no que se refere ao quadro em um perspectiva nacional, tornar-se necessária, nesse sentido, uma regulamentação associada a um plano de trabalho, com metas, ações e atores definidos. Isto ocorreria através de um documento referência, adaptável à especificidades de cada localidade, de forma que suas relações com a história e cultura afro-brasileira sejam valorizadas.
Eu, que ainda não havia ouvido falar deste plano e agora, mesmo que não o tenha lido na íntegra, creio que ele seja de grande valor no movimento de luta para o rompimento com o status quo encontrado no sistema de ensino brasileiro no que se refere à estas temáticas, afinal, apresenta uma proposta real a questão da limitação da Lei nas escolas e universidades, que acaba sendo alocada apenas no estudo folclórico de nosso país.
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