Relatos da oficina “Quem conta um conto... Se esquece de um ponto!" – parte 2
Continuando meus relatos sobre a realização da oficina temática, nesse post gostaria de expressar sobre a oficina na escola da Penha realizada com uma turma da Educação de jovens e adultos (EJA) correspondente ao quarto/quinto ano do ensino fundamental,onde cerca de vinte alunos participaram.
Continuando meus relatos sobre a realização da oficina temática, nesse post gostaria de expressar sobre a oficina na escola da Penha realizada com uma turma da Educação de jovens e adultos (EJA) correspondente ao quarto/quinto ano do ensino fundamental,onde cerca de vinte alunos participaram.
Antes de começar a atividade, fiquei ansiosa pensando se eles iriam participar respondendo as perguntas, relatando situações, dando as suas opiniões, pois esse é o objetivo da oficina, estimular a participação, criar um ambiente em que a questão proposta seja debatida, dialogada e não meramente transmitida. Na minha mente minutos antes da entrada dos alunos, só passava ideias como “o que estou fazendo aqui”, “isso não vai dar certo”, “vou gaguejar”, mas assim que eles entraram na sala, é como se o nervosismo e ideias pessimistas tivessem “caído”, então veio a tranqüilidade e a empolgação de ter a oportunidade de realizar um trabalho como esse.
Parte da especificidade da modalidade EJA é a bagagem e a experiência de vida que eles possuem e essa especificidade é extremamente enriquecedora para quem atua ou realiza uma atividade com singulares alunos. Os relatos nos emocionam, nos fazem rir, chorar, gera em nós revolta, por que injustamente esses alunos foram prejudicados e por vezes talentos, potenciais foram desperdiçados por anos. Abro esse pequeno “parênteses”, falando sobre essa especificidade, porque tive não o fardo, mas o privilégio de estar a frente de uma oficina e dar suporte em mais três, e ainda fui “camerawoman” de uma delas!
Durante essas participações, incluindo a minha oficina pude constatar a ansiedade desses alunos em conhecer sobre essa diversidade,de terem a oportunidade de ver na cultura como um todo a valorização daquilo que eles sabem, do que eles conhecem. Acredito que as oficinas tenham sido uma das chances que tiveram de se verem como protagonistas, como sujeitos de sua própria história, podendo se identificar, sendo reconhecidos e respeitados pelo seu conhecimento de vida, pelo seu conhecimento de mundo. Ainda pude notar a curiosidade e as expressões de surpresa ao ser mostrado para eles algo que não conheciam e o diálogo sendo acalorado por dúvidas, relatos de vida, frases engraçadas, risos, sorrisos e olhares curiosos...
Com a relização das oficinas, vi a concretização de conexões. Interação,articulação e respeito a saberes que não são hierarquizados, mas diversificados. Cheguei naquela escola para falar sobre os contos afro-brasileiros, sobre a contribuição da matriz africana para o nosso país, saí dali recompensada por histórias de superação e por aprendizados de vida, e não se trata apenas de ser negro, mas de ser nordestino, de ser mulher, de ser idoso, de ser morador de comunidade carente, de não saber ler e escrever.
A realização das oficinas temáticas estão sendo primordiais para a minha formação enquanto profissional da educação, enquanto ser humano. Não quero estar em um embate de privilégios para negros por que sou negra e essa é a minha temática, estou no início da compreensão de um embate em busca de uma sociedade democrática para todos independente de cor, classe social ou nível de ensino.
Por mais que eu escreva, parece que sempre vai ficar faltando algo para escrever, portanto vou parando por aqui e aproveitando o espaço, quero fazer a propaganda para a terceira e última parte dos relatos da oficina, dessa vez em Comendador Soares, AGUARDE!
Luciana S. Silva