A preparação para a inserção com nossas oficinas nas escolas foi baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão. Além de aulas sobre educação e etnia, me preparei para a atividade de extensão através da pesquisa sobre a verdadeira realidade nacional quanto a inserção do negro no mercado de trabalho no pós-abolição.
Uma vez já informada pela pesquisa, o maior desafio na escola foi o exercício de desconstrução de conceitos já tão arraigados no pensamento dos jovens e adultos. Para tal me utilizei de atividades capazes de chamar atenção para as contradições existentes nesses conceitos com os quais eles estão habituados.
Começando a internalizar a desconstrução desses conceitos os alunos compartilharam suas experiências, já em uma perspectiva de análise quanto aos fatos ocorridos. Essa troca de experiências foi seminal para minha construção .
Inevitavelmente as discussões durante a oficina levaram a um tema latente na escola e na sociedade como um todo: O Racismo. Importantíssimo foi observar e adquirir essas reais experiências sobre como o racismo se insere na realidade e no dia-a-dia dos alunos.
Um cuidado tomado na realização das oficinas foi no sentido de não dicotomizar as relações na sociedade entre negros e imigrantes.
Notei a partir dessa experiência a importância do ensino da cultura negra nas escolas, a medida em que os alunos sentiram-se representados no conteúdo da oficina e perceberam que a sua realidade pode ser objeto de análise, pontencializou-se o interesse acerca dos diversos questionamentos inerentes as relações raciais tratadas nas oficinas. E suscitar o interesse dos alunos é o maior investimento que se pode fazer para que no futuro existam mais pessoas questionando e buscando soluções para a realidade que as cerca.